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Investir na Empresa ou em Outras Alternativas?

Dentro da visão da teoria econômica clássica essa é uma pergunta fácil de responder, basta analisar as alternativas de investimento disponíveis dentro da ótica do custo da oportunidade. No mundo real, entretanto, a resposta dessa pergunta torna-se extremamente mais complexa e envolve outras disciplinas que vão além da teoria econômica. Dentro desse contexto, iniciamos uma série de artigos que exploram o tema.

 

Esse tipo de decisão pode ser aplicada em situações nas quais o pressuposto da existência de capital disponível para investimento na empresa não é verdadeiro. Muitas vezes, empresários defrontam-se com suas empresas apresentando dificuldades de caixa que podem ter sido causadas por uma conjuntura desfavorável; pela concorrência; por problemas operacionais ou qualquer outra causa. Nessa situação, deve-se enfrentar a decisão de investir no negócio ou, em uma situação extrema, de extrair dele o que for possível  para investir em outra atividade. É  importante salientar que dar garantias pessoais para um empréstimo também constitui um investimento próprio, uma vez que, um bem pessoal é posto em risco.

 

Durante nossa prática de consultoria, frequentemente encontrarmos empresários cujo  desejo do sucesso pessoal e o temor do fracasso de uma empresa sob sua gestão, causam o que chamamos de cegueira analítica. Essa cegueira impede o empresário de fazer uma análise realista das alternativas,  levando-o a tomar decisões que poderão  causar arrependimentos no futuro. 

 

O fracasso em um negócio não necessariamente espelha a competência do empresário, fatores externos não controláveis muitas vezes causam dificuldades intransponíveis. Existem situações extremas nas quais a melhor decisão é uma estratégia para salvar o que for possível para investir em outras alternativas de negócio. Quanto a competência dos gestores, acredito que empresários que passaram por sérias dificuldades se transformam em melhores gestores — a realidade observada em nossa prática de consultoria confirma a minha crença.

 

As decisões tomadas em função do temor  que a auto-imagem seja arranhada são de fato as que vão arranhar a imagem e a reputação do gestor, e não necessariamente a situação da empresa. É quase como uma profecia que se auto-realiza. 

 

Os erros mais comuns na elaboração e execução de um plano para tirar a empresa de uma situação de dificuldade pontual são:

 

  • Imaginar que todas as iniciativas consideradas vão ser bem sucedidas. Mesmo os planos mais bem concebidos apresentam pontos que não entregam os resultados esperados. Eles devem apresentar espaço para acomodar algumas iniciativas falhas, sem que todo o plano desmorone.

  • Não entrar em pânico quando um novo problema aparece, uma análise clara da situação e de possíveis alternativas de solução são fundamentais.

  • A percepção de risco dos agentes financeiros e do líder do negócio são assimétricas. O líder possui uma percepção muito mais profunda dos riscos envolvidos, enquanto o mercado financeiro está mais preocupado em preservar o  capital do que ajudar a resolver a situação da empresa. Em síntese, não se pode contar excessivamente com bancos e outros agentes em um momento de crise.

  • A situação de crise por si só aumenta os custos e fornecedores cortam crédito e/ou aumentam preços e custos financeiros para compensar os riscos.

  • Talentos podem ser perdidos e sua reposição, se for possível, pode resultar, no mínimo, em uma descontinuidade de gestão.

 

Outra consideração importante sobre a assimetria da informação é que o empresário tem (ou deveria ter) todas as informações de sua empresa, portanto, deveria estar preparado para avaliar com clareza e realismo os riscos do negócio e, por conseguinte, as alternativas para sobreviver ao momento de crise. Essa avaliação é muito importante para decidir onde e de que forma investir os recursos disponíveis.

 

Vale lembrar que, nas alternativas externas de investimento, a assimetria de informação também está presente. Normalmente temos agentes que estão “vendendo essas alternativas” com um grau de informação muito maior que o potencial comprador, no caso o empresário cuja empresa está com dificuldades e que pode subestimar o novo risco que poderá estar assumindo. 

 

A avaliação de risco é fundamental na decisão de investimento na empresa ou fora dela. Muitas vezes, empresários estressados pela situação, pressionados pela família e outros agentes externos não conseguem fazer uma análise crítica e objetiva da situação, podem tomar decisões que não são as melhores. Nesses casos, o uso de consultorias externas pode ser um investimento com grande retorno.

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