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Amigos,

Um novo ano começa e, como sempre, renovam-se as esperanças de que o mundo possa caminhar para tornar-se um lugar melhor para vivermos.

 

A economia global enfrenta grandes desafios: o estresse comercial decorrente de ações protecionistas nos EUA e as consequentes reações na Europa e China; incertezas quanto ao Brexit, que por sua vez, pode resultar em consequências danosas para o Reino Unido e instabilidade na Europa continental, principalmente em países que estão surfando em uma onda nacionalista; o aquecimento global e suas consequências no clima, na agricultura e pecuária; o crescimento zero ou negativo da população em alguns países, tornando os sistemas de previdência insustentáveis, consequências no emprego e renda decorrentes da adoção de tecnologias de Inteligência Artificial e Machine Learning etc. 

 

Os problemas não são fáceis e normalmente refletem-se nas decisões de governantes, que precisam optar entre interesses de curto prazo em seus países, ou atacar problemas de longo prazo, ou mais ainda, problemas globais que, por via de regra, não têm consequências imediatas e, portanto, sem apelo para a massa pouco informada de eleitores, os quais balizam seus votos pela percepção de bem (ou mal) estar no momento das eleições. A decisão de quem exerce o poder é sempre uma decisão de compromisso e a competência está no balanceamento entre o curto e longo prazos.

 

Na minha opinião, o desejo de manutenção do poder exerce o mesmo fascínio tanto nos países, quanto nas corporações. O caldo de cultura ideal para desastres como os da Enron ou da crise de 2009 é a adoção de uma política agressiva de bônus e de pouca base analítica quando a performance de uma organização é comparada com seus concorrentes e associada a uma política de avaliação de risco sem o rigor necessário. Nos dois casos mencionados o benchmarking com concorrentes sem a devida análise de riscos levaram a decisões de negócio que a curto prazo alavancaram os lucros, mas que a médio e longo prazos foram desastrosas.

 

O Brasil vive um período histórico bastante interessante nos últimos 20 anos. Estamos pagando o preço de um processo muito semelhante ao descrito acima: surfamos em uma onda de prosperidade global quando o país tinha suas contas mais ou menos ajustadas e a consequência foi um crescimento econômico relevante, mesmo com a destruição de valor decorrente da corrupção endêmica. 

 

Com a mudança da conjuntura mundial, nossos governantes poderiam ter optado por uma rota de correção que  traria algum desconforto a curto prazo, mas que poderia pavimentar um crescimento consistente por vários anos. Infelizmente optou-se por ações de curto prazo, possivelmente motivadas pelo calendário das urnas, resultando na maior recessão vivida pelo país.

 

Tenho esperança que o Brasil tenha amadurecido e entendido que a corrupção destrói valor e impacta negativamente na qualidade de vida da população; que a responsabilidade do governo é criar condições macro e microeconômicas que permitam um crescimento relevante da economia, gerando emprego, renda e melhorando a percepção de bem estar da população. Mesmo que se possa ferir interesses de alguns grupo a curto prazo. No longo prazo, considerando o crescimento da economia, todos se beneficiam.

 

As redes sociais, na minha opinião, podem contribuir para um feedback imediato da percepção de bem-estar da população e também se tornar uma ferramenta de comunicação direta dos governantes com a população. As Fake News — ou ainda Bad News —  germinam, crescem e se proliferam apenas se a população (ou algum segmento relevante dela) apresenta uma redução na percepção de bem-estar. 

 

Talvez o exemplo mais eloquente disso seja o governo Lula durante o qual não havia alteração na popularidade do ex-presidente, apesar de todas as notícias indicando problemas econômicos a médio prazo, além da corrupção mostrar-se cada vez mais evidente. Tal fato ocorreu, pois a percepção de bem estar tinha de fato melhorado.

 

A médio prazo, a realidade impõe-se sobre a comunicação. Caso as políticas adotadas sejam bem sucedidas e a percepção de bem-estar aumente, tanto as as Fake News como as Bad News possivelmente não impactariam negativamente na popularidade do governante. Por outro lado, se as políticas adotadas falham e a percepção de bem-estar diminui, o processo de descrédito dos governantes pode ser bastante rápido criando uma espiral crescente de Fake News. como observado no final do governo Dilma.

 

Sou um otimista nato, que venha 2019 e que o novo ano traga mais realismo e racionalidade para a economia global, especialmente lucidez para os governantes do Brasil escolherem políticas que tragam resultados positivos sustentáveis. 

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